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1 02/10/2025 14:00

Esse tipo de cálculo exige diversos pressupostos, e pequenas variações nas estimativas de nascimento, morte ou expectativa de vida.

A pergunta “quantas pessoas já viveram no planeta Terra?” costuma ser respondida com o número de 117 bilhões — uma estimativa amplamente divulgada entre demógrafos, com base em modelos históricos para o Homo sapiens. No entanto, esse valor não é absoluto e carrega incertezas profundas.


Metodologias e limitações dos dados

Para estimar o total de indivíduos que já nasceram, é necessário considerar:

- O momento inicial escolhido (quando começa contar “humanos”)

- Dados populacionais e taxas de natalidade/mortalidade em cada época

- Expectativa de vida média ao longo dos períodos.


Modelos demográficos dividem a história em intervalos (por exemplo, há 200 mil anos até 1 000 a.C.; depois até 1 000 d.C.; depois até 1800; e assim por diante). Em cada trecho, assume-se que a taxa de crescimento populacional (natalidade menos mortalidade) permaneceu mais ou menos constante, estimando-se um modelo exponencial para a população viva naquele intervalo. A partir daí, integra-se o número estimado de pessoas vivas durante o período e divide-se pelo tempo médio de vida naquela época, para evitar duplicações — isto é, alguém que viveu por muitos anos não deve ser contado várias vezes.

Esse tipo de cálculo exige diversos pressupostos, e pequenas variações nas estimativas de nascimento, morte ou expectativa de vida resultam em grandes diferenças no total final. Por exemplo: um modelo conduzido com dados de Carl Haub considerando origem da humanidade há 50 mil anos resultou em algo pouco acima de 93 bilhões de pessoas já nascidas. Por outro lado, utilizando-se dados mais recentes — com início há 200 mil anos — chega-se aos cerca de 117 bilhões frequentemente citados. Métodos mais simples, como o usado por estudantes alemães em um projeto educacional (média de população em intervalos multiplicada pelo tempo, depois dividida pela expectativa média de vida) podem gerar estimativas de ~140 bilhões; ainda que divergem, todos estão na mesma ordem de magnitude.


Várias gerações de uma mesma família. Imagem: semprefamilia


Sobre a afirmação de que “metade de quem chegou a 65 anos está viva hoje”


Uma afirmação bastante divulgada — citada por The Economist e rastreada ao jornalista Fred Pearce — sustenta que “metade de todas as pessoas que já chegaram aos 65 anos está viva hoje”. Pesquisas demográficas posteriores refutam essa hipótese. Um estudo conduzido por Miguel Sánchez-Romero e colaboradores, utilizando diferentes modelos e bases de dados, concluiu que a porcentagem real está entre 5,5% e 9,5%. Ou seja: de todas as pessoas da história que atingiram 65 anos, apenas uma fração (menos de 1 em 10) vive atualmente.

A discrepância mostra que, embora as afirmações populares chamem atenção, os cálculos técnicos exigem rigor e variáveis ajustadas a evidências históricas, biológicas e demográficas.


Por que “117 bilhões” é tão frequentemente citado — e com que cautela?

O valor de 117 bilhões é considerado uma estimativa de consenso entre demógrafos que aceitam o Homo sapiens como ponto de partida para contar. Ele reflete uma interpretação dos dados disponíveis e dos modelos aplicados. Mas não deve ser tomado como um fato fixo, já que:

- Depende de inúmeras suposições (quando “começa” o Homo sapiens, taxas históricas, etc.)
- Há lacunas nos registros históricos, arrolamentos demográficos e documentos antigos
- A expectativa de vida, frações de mortalidade infantil e eventos extremos (pandemias, guerras) variaram amplamente ao longo dos séculos

Portanto, embora o número de 117 bilhões seja plausível e produzido por demógrafos respeitados, ele não carrega precisão absoluta — é uma estimativa dentro de uma ordem de grandeza.

A resposta curta é que não podemos saber exatamente quantas pessoas já viveram, mas podemos estimar que o valor gira em torno de 90 e 140 bilhões de seres humanos, dependendo dos modelos usados nos mais variados estudos que já foram publicados ou que estão atualmente em andamento.

 

Da Redação CSFM
Fonte: Scientificamerican







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