A força da água destruiu completamente diversas instalações do acampamento, que recebia 750 participantes no momento da tragédia.
Uma enchente repentina atingiu o condado de Kerr, no Texas (EUA), na manhã da última sexta-feira (4), provocando a morte de pelo menos 32 pessoas — entre elas crianças de 14 anos — e deixando ao menos 27 meninas desaparecidas no acampamento cristão Camp Mystic, localizado às margens do rio Guadalupe, em Hunt. A força da água destruiu completamente diversas instalações do acampamento, que recebia 750 participantes no momento da tragédia.
Entre as vítimas fatais confirmadas estão três meninas que participavam do retiro: Janie Hunt, identificada por sua mãe, Anne Hunt; Renee Smajstrla, reconhecida pela organização A Voice for the Voiceless; e uma terceira jovem, cujo nome não foi divulgado a pedido da família. Outras crianças seguem desaparecidas, entre elas Greta Toranzo e Hadley Hanna, cujas famílias relataram não ter recebido contato do acampamento.
Inundação atinge o Texas (EUA), na última sexta-feira (4). Imagem: Printscreen- UsaToday
Além das vítimas infantis, a diretora e co-proprietária do Heart O’ the Hills, acampamento vizinho a Camp Mystic, Jane Ragsdale, também morreu. Segundo comunicado oficial, não havia crianças no local no momento da enchente, pois o acampamento estava entre sessões.
O fenômeno climático extremo elevou o nível do rio Guadalupe em quase 30 pés (cerca de 9 metros) em apenas 45 minutos, de acordo com dados do Serviço Nacional de Meteorologia. Isso surpreendeu os organizadores e as equipes de resgate, dificultando a evacuação imediata das áreas mais baixas, onde se alojavam as crianças mais novas. As mais velhas estavam abrigadas na parte alta do terreno, chamada de “Senior Hill”, de onde foram retiradas por helicópteros. Elinor Lester, de 13 anos, relatou que ela e suas colegas de cabine caminharam por águas rasas até serem resgatadas.
Inundação atinge o Texas (EUA), na última sexta-feira (4). Imagem: Ronaldo Schemidt-AFP-Getty Images
Equipes da Guarda Nacional, Guarda Costeira e outras agências federais e estaduais participaram da operação, que já resultou na evacuação de mais de 850 pessoas, sendo 167 por via aérea. O governo federal declarou estado de emergência em 15 condados e mobilizou mais de 1.300 agentes e 800 veículos e equipamentos. Segundo a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, as equipes salvaram ou ajudaram a salvar 223 vidas. Aeronaves de asa fixa foram requisitadas para ampliar o alcance das buscas.
Cinco adultos e três crianças ainda não foram identificados entre os mortos. Autoridades garantiram que as buscas continuarão até que todos os desaparecidos sejam localizados. Centros de reunificação foram montados na Ingram Elementary School, em Ingram, e no Arcadia Live Theater, em Kerrville. O Camp Mystic orientou que, caso os pais não tenham sido contatados diretamente, isso indicaria que suas filhas estão seguras — embora muitas famílias tenham contestado a falta de informações.
Inundação atinge o Texas (EUA), na última sexta-feira (4). Imagem: Julio Cortez-AP
Lideranças políticas se pronunciaram no fim de semana. O ex-presidente Donald Trump afirmou, na rede Truth Social, que “Melania e eu estamos orando por todas as famílias afetadas por essa terrível tragédia. Nossos bravos socorristas estão fazendo o que sabem fazer melhor. Deus abençoe as famílias e Deus abençoe o Texas”. O governador texano, Greg Abbott, declarou: “Este é um momento em que, como estado, precisamos de Deus mais do que nunca”. Já o vice-presidente JD Vance escreveu em rede social que “o coração da nação está com as vítimas do Texas e suas famílias”, encerrando sua mensagem com a oração “Eternal Rest” (Descanso Eterno, em inglês).
As causas da enchente são investigadas, mas meteorologistas apontam que em algumas regiões da área atingida choveu até 28 cm em poucas horas — o que representa cerca de 40% da média anual. Especialistas também questionaram o atraso nos alertas de emergência emitidos pelo Serviço Nacional de Meteorologia.
Enquanto as buscas continuam, cresce a cobrança por explicações sobre a falta de preparação do acampamento para eventos climáticos extremos e sobre a segurança das estruturas que abrigavam as crianças.
Da Redação CSFM