Aos poucos, mais um bastião do comunismo vai ruindo. Cuba, a ilha de Fidel, sustentada por décadas pelos rublos da antiga União Soviética e mais recentemente com os dólares do BNDES, pulula com a chegada do capitalismo ianque. Se para os que ainda continuam lá já é um motivo de alívio e alegria, imagine para os que estão fora do país e são explorados pelo seu governo.
Refiro-me mais claramente aos profissionais da medicina que estão trabalhando no Brasil, através do Programa Mais Médicos, pelo contrato firmado entre os dois países pelos malfadados governos Dilma e Raul Castro. Pelo acordo, os médicos trabalham, são mal remunerados, enquanto o governo cubano fica com grande parte do pagamento que seria devido aos médicos.
Um contrato vergonhoso, um verdadeiro golpe para os trabalhadores da medicina que são enviados a países como o Brasil para trabalhar, num sistema análogo ao da escravidão, já que parte da remuneração fica para o governo. E mais, os parentes dos médicos que estão aqui – mas que continuam residindo em Cuba – sofrem pressões pelos que não pretendem mais voltar.
E o imbróglio teve mais um capítulo com a suspensão de mais de 700 médicos que deveriam vir ao Brasil, para substituir quantidade igual que voltaria à ilha. É que, os que estão aqui, finalmente conheceram o que é viver num país democrático, trabalhando sem ter pressões políticas e a única obrigação é pagar os seus impostos em dia (além de cumprir a legislação).
Após três anos de Brasil, os médicos cubanos resolveram desobedecer às ordens do ditador e permanecer como residentes no Brasil por tempo indeterminado, isto é, com ânimo definitivo. E 88 deles já recorreram à Justiça para permanecer em solo brasileiro, trabalhando no mesmo programa, porém recebendo toda a remuneração a que faz jus.
A repercussão do comportamento dos médicos que se encontram no Brasil e não pretendem voltar para o regime comunista ditatorial de Cuba é muito grande, tanto assim que o governo não quer enviar o novo grupo. O receio é que os novos também pretendam adotar o Brasil como seu novo país, principalmente agora que não tem o apoio do ex-governo petista.
E dentre os motivos para que os médicos tomassem tal atitude, estão em viver numa democracia (apesar dos pesares nos nossos políticos) e serem explorados na sua remuneração pelo próprio país. É que de acordo com o contrato firmado entre o Brasil e Cuba, parte dos salários dos médicos vai diretamente para o erário do governo cubano, uma tunga exploratória da classe trabalhadora.
Outra revolta dos médicos cubanos é que precisam ser submetidos, aqui, às ordens da ditadura cubana, com todos os tipos de restrições, a exemplo de viver e se relacionar com a comunidade brasileira. E quem se queixa disso são os médicos que não pretendem retornar a Cuba, vivendo sobre a pesada vigilância de colegas, esses tidos como agentes do governo cubano.
E as proibições não se limitam à simples convivência social, mas, também de ordem afetiva como amorosa. É o ditador cubano quem decide quem deve se relacionar com quem. Esse comportamento é próprio dos países comunistas, que limitam, inclusive, a quantidade de filhos, a exemplo do que até hoje acontece na China.
Agora, o Governo Brasileiro terá mais esse imbróglio pela frente para resolver. A intenção do Ministério da Saúde é reduzir a dependência dos médicos cubanos contratados com o governo de Raul Castro, o que já vem acontecendo. Tudo para evitar a falta de assistência médica em locais distantes dos grandes centros.
Hoje, o programa Mais Médicos conta com cerca de mil médicos a menos que no ano passado. A previsão é que cada um deles permanecesse no país por cerca de três anos. Essa estratégia teria como objetivo evitar que cubanos estreitassem os laços com o Brasil e não pretendessem voltar à ilha, como realmente está acontecendo.
Como disse o ex primeiro ministro inglês, Winston Churchill, “A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas”. Ao que parece os médicos cubanos do programa Mais Médicos aprenderam mais cedo do que se esperava. E olhe que a intenção dos petistas é que eles viessem aqui para lutar por uma ditadura...
*Jornalista, radialista e advogado